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O mito do eterno frescor 2a5743

Como a refrigeração influi no consumo alimentar 2b3v2w

Por Lucilia Diniz 13 mar 2025, 18h52

Vivemos tempos escaldantes, e não é só nos países tropicais como o nosso. Num desses dias em que tudo o que desejamos é uma água gelada, um suco revigorante ou uma salada bem fresca, me peguei pensando na história da refrigeração. Ninguém imagina uma cozinha sem geladeira – e é verdade que ela está presente em mais de 98% dos lares brasileiros. Mas preservar os alimentos com segurança é algo relativamente novo, em termos históricos.

Durante séculos, a humanidade lançou mão de métodos engenhosos para evitar que a comida se deteriorasse: salgava-se a carne, defumava-se o peixe, fermentavam-se legumes e conservavam-se frutas em açúcar. Mas a grande revolução veio com o frio artificial. Primeiro com as casas de gelo, depois com as câmaras frigoríficas, os navios refrigerados e, finalmente, com a geladeira doméstica. Essa mudança não apenas ampliou nosso o a uma variedade de alimentos, mas alterou profundamente nossa relação com o tempo e com a comida.

A geladeira nos deu a ilusão de que o eterno frescor era possível. Quando todo o processo de armazenagem e distribuição dos alimentos ou a ser refrigerado, não só pudemos espaçar e programar o abastecimento doméstico como também amos a contar com mais opções. As distâncias continentais e as estações no calendário se tornaram obstáculos contornáveis. Por causa do frio, os supermercados nos oferecem o ano todo tomates maduros e firmes, carnes embaladas a vácuo e peixes congelados que atravessam oceanos sem nem pensarmos na sua origem.

No entanto, essa abundância e praticidade têm um custo. Se por um lado o congelamento preserva os nutrientes de vegetais, a refrigeração, embora mantenha sua bela aparência de recém-colhidos, nem sempre basta para conservar suas qualidades – algumas vitaminas de hortaliças, por exemplo, se desvanecem em uma semana de geladeira. Às vezes o preço a pagar é o sabor. Por exemplo, variedades de tomates desenvolvidas para serem resistentes às longas viagens geladas são, ironicamente, menos saborosas.

Há, ainda, uma contradição que à primeira vista pode nos escapar. Embora a refrigeração nos permita conservar alimentos por mais tempo, se mal istrada, pode facilitar o desperdício. Calcula-se que um terço dos alimentos frescos estragavam no trajeto entre o campo e o consumidor final. Hoje, em muitos lugares, porcentagem semelhante se perde esquecida dentro da geladeira. O que antes era urgência – tomar no mesmo dia o leite entregue pela manhã e os legumes comprados no mercado — deu espaço para o descaso.

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Claro que não estou propondo que voltemos a padrões de consumo de tempos ados. Antigamente, uma dona de casa tinha de ir ao açougue várias vezes na semana, e ao mercado, até sete – alimentar uma família era um trabalho recomeçado literalmente todos os dias. Isso não é nem viável, nem desejável.

Mas é muito fácil ceder à vasta oferta de sabores deliciosos e ingredientes viçosos disponíveis para nós. Tão fácil quanto, depois, na correria cotidiana, esquecermos as folhas verdejantes e as frutas reluzentes no fundo da geladeira, atrás de muitas outras coisas. Não estou sugerindo, tampouco, que você troque seu refrigerador de porta dupla por um frigobar de hotel para não perder nada de vista. Mas, ao abastecê-lo, faça-o com consciência. A sua dieta (e o ambiente) agradecem.

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