O que se sabe até agora a respeito da “minuta do golpe” de Jair Bolsonaro 3c3or
Documento que ligaria o ex-presidente diretamente à conspiração é mencionado em três episódios diferentes da investigação 203b6y

Na manifestação realizada no domingo ado, Jair Bolsonaro (PL) falou sobre a “minuta do golpe” que foi encontrada pela Polícia Federal em seu gabinete na sede do PL em Brasília, no dia 8 de fevereiro. Segundo a investigação, a peça seria uma das provas da implicação do envolvimento do ex-presidente com uma conspiração para continuar no poder após a derrota eleitoral para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de Estado de Defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha santa paciência”, afirmou Bolsonaro.
A existência de uma “minuta do golpe” aparece ao longo da investigação em três episódios. Confira a seguir o que se sabe a respeito de cada um deles e qual a tese da defesa do ex-presidente:
Celular de Mauro Cid 521z2n
Segundo revelou VEJA em junho do ano ado, uma das versões da “minuta do golpe” foi encontrada pela Polícia Federal nos arquivos do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. O texto de três páginas, intitulado “Forças Armadas como poder moderador”, estava no aparelho de Cid e detalhava um roteiro para convocar uma intervenção militar no Brasil e nomear um interventor para investigar supostas fraudes nas eleições de 2022.
De acordo com o documento, o plano incluía afastar ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por suspeita de interferir nos resultados das urnas, o que justificaria anular o pleito, revogar diversos atos do Poder Judiciário considerados “inconstitucionais” e fixar um prazo para a realização de novas eleições.
No último dia 8 de fevereiro, parte do documento delatado por Mauro Cid foi encontrada impressa em papéis na sala de Jair Bolsonaro na sede do PL, em Brasília. Segundo os investigadores, trata-se de uma versão editada da “minuta do golpe” com diversos trechos idênticos ao arquivo descoberto no celular do ex-assessor.
A VEJA, Bolsonaro afirma que não tem conhecimento destes papéis. “Nunca chegou a mim nenhum documento de minuta de golpe, nem nunca assinei nada relacionado a isso. Até porque ninguém dá ‘golpe’ com papel”, declarou o ex-presidente. Segundo a defesa de Bolsonaro, ao saber que o material havia sido incluído no relatório do inquérito da PF, ele solicitou o ao texto e pediu que o mesmo fosse impresso porque tem problemas de visão e não conseguiria ler na tela do aparelho celular.
Casa de Anderson Torres 4d3910
As suspeitas iniciais da existência de uma “minuta golpista” vieram a público em 10 de janeiro de 2023, dois dias após os ataques aos prédios dos Três Poderes, quando o esboço de um decreto para anular o resultado das eleições foi descoberta pela PF na casa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres,
O documento apreendido na casa de Torres não é o mesmo que estava nos arquivos de Mauro Cid e no escritório do PL. Em depoimento, ele afirmou aos investigadores que o material encontrado em sua residência é “descartável” e “sem viabilidade jurídica”. Na versão do ex-ministro, seu cargo no governo envolvia receber “propostas dos mais diversos tipos” e o texto estaria em uma “pilha de documentos para descarte”.
Despacho de Filipe Martins 5i6ax
Outro episódio ligando o ex-presidente à conspiração envolve o ex-assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Filipe G. Martins. Em delação à PF, Mauro Cid afirmou que Martins entregou pessoalmente a Bolsonaro uma “minuta do golpe” de três páginas detalhando, o a o, um plano para retomar o poder, que o ex-presidente teria revisado e apresentado às Forças Armadas.
Segundo Cid, o esquema consistiria na anulação das eleições de 2022, o afastamento de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeitas de fraudar o resultado das urnas e a declaração de uma intervenção militar no Brasil. Até agora, no entanto, o tal documento não veio à tona.
Bolsonaro nega que tenha encontrado Martins no contexto delatado por Cid e afirma que sequer realizava despachos com o ex-assessor. A Polícia Federal, por sua vez, analisando trocas de mensagens por celular, diz ter confirmado que diversas reuniões no Palácio do Alvorada contaram com a presença de Martins, coincidindo com o período no qual Cid diz ter ocorrido a revisão essa “minuta do golpe”, informações que ajudariam a aumentar a credibilidade do relato do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Preso em Brasília desde 8 de fevereiro, Filipe Martins prestou depoimento às autoridades sobre o caso na semana ada, mas o conteúdo da oitiva ainda não veio a público. .