A descoberta de filha de Rubem Fonseca ao abrir os armários do escritor 2t4h2t
Comemoração do centenário do contista, romancista e ensaísta será neste domingo, 11 2s5021

Mesmo após sua morte, Rubem Fonseca ainda tem muito o que mostrar. Pensando nisso, sua filha, Bia Corrêa do Lago, lança neste domingo, 11, um box com todos os contos do escritor, além de dois nunca publicados. Mas a novidade prossegue: depois de revirar suas memórias, Bia descobriu fotos, cartas e textos nunca publicados pelo pai. E não são achados quaisquer: trata-se de trocas de Rubem com grandes nomes brasileiros como Chico Buarque, João Ubaldo e o prêmio Nobel colombiano Gabriel García Marquez. “Não sabia que meu pai tinha papéis guardados em armários no seu escritório, lotados de fotos e cartas e documentos. Só fui descobrir isso quando ele morreu”, diz Bia à coluna GENTE.
Encontrar tantas relíquias surpreendeu a filha. Rubem era mineiro, mas se mudou para o Rio de Janeiro aos 9 anos. Viveu sua vida toda em terras cariocas e, apesar do talento quase nato na escrita, nunca fez questão de organizar seu baú de memórias. “Ele não foi uma pessoa organizada, não tinha interesse em perder tempo arrumando papéis. Ele gostava mesmo é de ler e escrever, e era assim que ava a maior parte de seu dia”.
Foi Bia que organizou toda a papelada, trabalho um tanto árduo. Quando foi descobrindo pouco a pouco a coleção de obras, precisou espalhar tudo no chão de sua sala – assim, teve a dimensão de memórias do escritor, quase perdidas. “O que mais me surpreendeu, além da descoberta da própria existência desse material todo, foi encontrar inéditos de quando era muito jovem, alguns textos inacabados, e correções em impressões de vários contos e romances que foram depois publicados”, analisa.
Rubem era realmente apaixonado pela cidade e tinha uma rotina um tanto quanto simples. Gostava daquilo que todo carioca se gaba: as paisagens maravilhosas. Nadava, corria e adorava frequentar a praia; não à toa que se inspirou nessas vivências das quais nunca abriu mão. “Quando se mudou para o Jardim Botânico, no final dos anos 1950, ou a jogar vôlei numa rede de amigos em Copacabana e a frequentar a praia do Leblon, bairro para o qual se mudou em 1992 e onde morou até morrer em 2020. Morador do Leblon, ele corria na praia e já mais velho ou a caminhar por toda a orla, do Leblon ao Arpoador”, diz a filha.
No dia 6 de maio, a PUC-Rio comemorou o centenário de Rubem com um seminário acadêmico, em que mostra as teses de mestrado e doutorado de universidades do Brasil inteiro e do exterior. “Os palestrantes são todos professores de literatura oriundos de diferentes universidades de vários estados do Brasil e alguns de universidades estrangeiras. Os trabalhos vão girar em torno da obra de meu pai, analisada sob diferentes ângulos. O resultado final é importante para se conhecer e repensar sua obra”.