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Câmbio, juros, bolsa e cripto: para onde vão os mercados com Trump?

Investidores vêm se posicionando nos ativos desde o ano ado de olho em possíveis decisões da nova istração do republicano

Por Juliana Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jan 2025, 17h29 - Publicado em 21 jan 2025, 13h55

A chegada de Trump ao poder vem movimentando os mercados antes mesmo de ele assumir a presidência dos Estados Unidos. Os investidores, na tentativa de antecipar a direção dos ativos, já vêm se posicionando desde o ano ado para eventuais decisões do novo mandato, com expectativa grande de uma agenda de desregulamentação e protecionismo.

Para o dólar, a ascensão de Trump tem um significado: fortalecimento perante a maioria das demais moedas, entre países desenvolvidos e emergentes. A procura pela moeda forte, em um contexto de imposição de tarifas sobre produtos importados, deve continuar levando a divisa americana a outros níveis cada vez maiores — com consequente pressão sobre o real. Segundo o Boletim Focus, pesquisa do Banco Central com economistas, o dólar deve encerrar 2025 em 6 reais, o mesmo que se espera para 2026. Só em 2024, a busca por proteção levou a moeda americana a se valorizar 27,3% ante o real, a maior alta dos últimos quatro anos.

A agenda de Trump é considerada inflacionária, o que tende a manter os juros em nível mais elevado nos Estados Unidos — com capacidade para mudar até mesmo o curso da política monetária atual, que é de afrouxamento. A imposição de tarifas a produtos importados, por exemplo, pode gerar inflação na medida em que isso seja reado aos consumidores via preços maiores ou por prejudicar a concorrência do mercado.

Além disso, o novo presidente americano tem uma agenda de gastos e condução fiscal que pode contribuir para fortalecer a inflação no país. O presidente já reiterou que vai adotar um pacote com redução de impostos para as empresas que pode custar mais de 7 trilhões de dólares nas próximas décadas. Quanto mais o governo abrir mão de fontes de arrecadação de recursos e controle da dívida, mais inflação isso poderá gerar e maior a desancoragem das expectativas dos investidores.

“O ‘Trump Trade’ é um dos motivos para o dólar se fortalecer pelo protecionismo, por ele gastar muito e, com isso, a inflação subir, e automaticamente os juros não poderem cair”, afirma Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da Escola de Investimentos. “E é por isso também que o Fed (banco central americano) já falou que vai esperar e ver o que o Trump vai fazer para poder decidir se vai reduzir os juros ou não.”

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As medidas anti-imigração de Trump também podem ter efeitos inflacionários, sendo que 20% da força de trabalho americana é composta de imigrantes, lembra Paula Zogbi, gerente de pesquisa e chefe de conteúdo da Nomad. “Seus salários são, em média, 89% dos salários de nativos americanos nas mesmas ocupações”, diz. “Efeitos inflacionários ligados a salários mais altos são mais duradouros e têm maior complexidade para serem combatidos.”

Apesar de um cenário de juros potencialmente mais altos e dólar fortalecido, isso não significa que os negócios nas bolsas americanas ficarão para trás. Com um mercado muito mais diverso do que o brasileiro, os Estados Unidos oferecem diversas opções de investimento que podem se beneficiar na nova istração de Trump, como as companhias de tecnologia, cujos presidentes já, inclusive, declararam seu apoio à retórica “trumpista”. É o caso dos bilionários Elon Musk, presidente da Tesla, e Mark Zuckerberg, presidente da Meta, dona do Facebook. Além disso, a agenda de Trump é considerada pró-mercado, o que pode beneficiar diversas companhias listadas. Em meio à expectativa para o novo mandato republicano neste ano, o índice Nasdaq Composite subiu 30% no ano ado, enquanto o S&P 500 avançou 23%.

Para o Brasil, o efeito é oposto. Com um dólar mais forte no mundo e juros maiores, não só o real acaba sofrendo, como também a bolsa acaba ficando para trás. Isso porque, se a perspectiva é de que a inflação suba e os juros parem de ceder, ou mesmo em a cair de forma mais gradual, o investidor estrangeiro tem menos apelo para permanecer em mercados considerados mais arriscados e se volta para títulos do Tesouro americano, mais seguros. Portanto, a pressão que se viu sobre o Ibovespa em 2024 pode, em alguma medida, se repetir se os cenários se confirmarem.

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Já para o mercado de cripto, Trump vem como música para os ouvidos. No seu discurso de posse, o novo presidente não citou as criptomoedas, o que levou o bitcoin a recuar e a “memecoin” de Trump perder quase 50% do seu valor. Especialistas diversos encaram as “memecoins” com maus olhos porque afastam a seriedade do mercado, mas uma coisa é certa: a expectativa dos investidores do segmento é a melhor possível.

Trump já declarou que fará das criptomoedas “prioridade nacional” no seu mandato, em um momento em que órgãos reguladores americanos saíram da inércia e avançaram na regulamentação do setor. O resultado: o bitcoin superou pela primeira vez a marca de 100.000 dólares, e o valor total do mercado de criptoativos voltou a ultraar 3 trilhões de dólares após três anos. Ontem, 20, a $TRUMP, criptomoeda do novo presidente, chegou a atingir um valor de mercado de quase 10 bilhões de dólares. “Esse pode ser o governo mais ‘pró-criptos’ da história”, avalia Theodoro Fleury, gestor de portfólio da gestora QR Asset.

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