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Estagflação? Banco central dos EUA projeta crescimento menor e inflação maior

A mediana do PIB foi reduzida para 1,7% em 2025 e 1,8% em 2026, enquanto a inflação subiu para 2,7% e 2,2%, respectivamente

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 mar 2025, 16h32 - Publicado em 19 mar 2025, 16h20

Em um ambiente marcado por tarifas protecionistas e possíveis retaliações comerciais, os membros do Federal Reserve, o banco central americano, projetaram um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mais modesto e uma inflação mais resiliente, acima das expectativas, para este e o próximo ano.

A mediana das projeções do crescimento real do PIB foi revisada para baixo: de 2,1% para 1,7% em 2025, sinalizando uma economia que parece perder fôlego. Para 2026, a estimativa também recuou, de 2% para 1,8%, refletindo um cenário de menor vigor econômico no médio prazo. Em contrapartida, as projeções de inflação subiram. O Índice de Preços de Gastos com Consumo Pessoal (PCE), a métrica preferida do Fed para monitorar a inflação, foi elevado para 2,7% em 2025, com uma modesta queda para 2,2% no ano seguinte. É apenas em 2027 que o banco central americano espera retornar à meta de 2%.

Esses números evidenciam a difícil encruzilhada em que o Fed se encontra. Segundo Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, o banco central reconhece “um risco maior para um cenário estagflacionário”, no qual a economia pode enfrentar o pior de dois mundos: crescimento lento e inflação persistentemente alta. “Isso traz complexidades adicionais para o mandato dual do Fed, que envolve equilibrar o controle da inflação com a manutenção de um mercado de trabalho robusto”, acrescenta Cunha.

A combinação de uma queda nas projeções de crescimento econômico com o aumento nas estimativas de inflação indica que as recentes medidas protecionistas da Casa Branca já começaram a impactar as expectativas do banco central. “Acreditamos que essas projeções refletem implicitamente os possíveis impactos das tarifas impostas, e das retaliações que estão por vir”, avalia Marcos Moreira, sócio da WMS Capital.

Para ele, o maior desafio para o Fed é lidar simultaneamente com a desaceleração do PIB e o aquecimento da inflação. “O Fed está com um olho no peixe — a meta de inflação — e outro no gato — a desaceleração do crescimento econômico”, diz. Essa dicotomia só é reforçada pela resiliência do mercado de trabalho, que se mantém em níveis historicamente baixos de desemprego.

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O Fed tem mantido uma postura de cautela, do “esperar pra ver”, buscando ganhar tempo, com cortes nas taxas de juros projetados apenas para o segundo semestre de 2025. “ O Fed quer ver como as políticas da Casa Branca, especialmente as tarifas, impactarão a inflação antes de tomar qualquer ação mais ousada”, afirma Plínio Zanini, diretor de risco da Ciano Investimentos.

O maior temor entre analistas é que o Fed acabe reagindo tarde demais.  Afinal, a confiança do consumidor americano já mostra sinais de fragilidade, com quedas consecutivas nos índices de confiança. E, historicamente, um consumidor inseguro tende a frear o motor da maior economia do mundo.

O Fed segue navegando em águas turbulentas, buscando um difícil equilíbrio entre combater a inflação e manter a economia americana em movimento. Os próximos meses serão um verdadeiro teste para a instituição, que precisará mostrar habilidade e agilidade para evitar uma recessão indesejada — e, ao mesmo tempo, assegurar que a inflação não escape de seu controle.

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