Reforma política enfrenta dúvidas e desafios, segundo Hugo Motta e Ciro Nogueira
Ciro Nogueira defende o fim da reeleição, e Hugo Motta pede cautela para avaliar voto distrital misto
Se a reforma istrativa para enxugar a máquina pública e o peso do Estado na economia é um consenso entre os participantes do Fórum VEJA Insights, promovido em Nova York nesta terça-feira 13, o mesmo não se pode dizer sobre a reforma política. O caminho para que a máquina eleitoral gere um sistema que realmente represente as aspirações da população está cheio de desafios e dúvidas. A primeira dificuldade a ser superada é o imediatismo em que o debate sempre resvala. “Nós nunca vamos conseguir avançar na reforma política pensando na próxima eleição”, afirmou o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Um dos pontos da reforma política é a forma como deputados federais e estaduais, além de vereadores, são eleitos. Atualmente, o sistema proporcional faz com que puxadores de votos, como celebridades e atletas, permitam que os partidos políticos elejam também candidatos com pouca votação própria. Uma alternativa em estudo na Câmara é a adoção do voto distrital misto, sistema que melhora a relação entre eleitores e eleitos, ao dividir os colégios eleitorais em distritos que elegem seus representantes.
Segundo Motta, o tema deve ser debatido na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, mas, dada a sua complexidade, é preciso calma. “Temos que dar um tempo de maturação até para que esse sistema possa ser melhor compreendido”, acrescentou.
Já para o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Partido Progressistas, é preciso acabar com a reeleição para os cargos majoritários, como o de presidente da República. O parlamentar afirma que o temor dos políticos de não se reeleger impede que tomem decisões duras durante o seu mandato, como o combate a benefícios e a aprovação de reformas impopulares. “A reeleição não tem feito bem ao Brasil”, afirmou em sua participação no fórum da VEJA em Nova York. Segundo Nogueira, “existe um certo consenso no Senado de encerrar esse ciclo de reeleição do país”.